quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mundo & Família

É nítido que, no seio da família, “originam-se tensões, quer devido à pressão das condições demográficas, económicas e sociais, quer pelas dificuldades que surgem entre as diferentes gerações, quer pelo novo tipo de relações sociais entre homens e mulheres” (GS 8).

O ponto de reflexão que esta semana venho propor tem, como ponto central, algumas questões em torno da família, em dois aspectos essenciais: Primeiro, numa linha de continuidade com a temática anterior em que se tratou do apostolado e do trabalho, no caso dos casais, a família deve ser o seu primeiro campo de apostolado (cf. GS 34). Em segundo lugar, os desafios que se colocam a partir de títulos saídos, na semana passada, tais como: “Há 72 divórcios por dia em Portugal” e “Casais não têm filhos”. Aqui deixo a minha proposta de reflexão.

D. Álvaro del Portillo, num pequeno livro sobre os leigos, apresenta de forma clara e sucinta porque deve ser a família o primeiro campo de apostolado: «A família é a célula primeira e vital da sociedade, e da sua saúde ou doença dependerá a saúde ou doença de todo o corpo social. A sociedade será mais fraterna, se os homens aprenderem na família a sacrificar-se uns pelos outros. Haverá mais tolerância e respeito nas relações humanas, na medida em que os pais e os filhos se compreendam. A lealdade ganhará terreno na vida social, se também se valorizar a fidelidade entre os cônjuges. E o materialismo baterá em retirada, quando o objectivo da felicidade familiar não seja o consumo crescente.».

A exemplo disso, João Paulo II no livro “Não Tenham Medo”, confidencia: «O meu pai foi uma pessoa admirável e quase todas as minhas recordações de infância e adolescência referem-se a ele (…). O simples facto de o ver ajoelhar-se teve uma influência decisiva nos meus anos de juventude. Era tão severo consigo próprio, que não necessitava de o ser comigo: bastava o seu exemplo para ensinar a disciplina e o sentido do dever».

É aqui que a unidade da família humana recebe um grande reforço e encontra o seu dever ser, ou seja, na família dos filhos de Deus. Porque a missão confiada por Cristo à sua Igreja é de ordem religiosa. E desta mesma missão religiosa deriva um compromisso, uma luz e uma graça que servem para a realização e consolidação da família e, por consequência, da sociedade (cf. GS 42).

O ritmo da vida actual não favorece esta missão. Cada vez mais, temos de tudo, excepto de tempo. Mas o futuro da família dependerá mais do tempo que se lhe dedicou do que do conforto que se lhe ofereceu.



Pasadas Pimenta
Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam

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