Nesta
minha breve intervenção, gostaria de sublinhar um ponto que considero
importante para a constante renovação da experiência da fé dos cristãos: A conversão. Partindo das Catequeses de Dom Manuel Clemente na Sé do Porto, gostaria de sublinhar que a
Conversão é uma exigência constante de todo o cristão católico e a sua realização deve acontecer, essencialmente,
nas comunidades cristãs mas também nas chamadas igrejas domésticas que são as
nossas famílias.
Salientaria uma passagem das
suas palavras que passo a citar: “Cristianismo é conversão constante, vivida
comunitariamente a partir duma Palavra sempre proclamada e ouvida que oferece a
cada tempo e circunstância a possibilidade de se realizarem pascalmente”. Desta
afirmação, resultam três pressupostos que de certa forma acho fundamentais e que
passo a apresentar:
o
Primeiro: A
vida que levamos em Cristo tem que ser segundo a condição e vocação de cada um,
de entrega total, para que na sucessão dos acontecimentos que vão protagonizando
a aventura humana, aconteça tudo no Senhor, como nos lembra São Paulo;
o
Segundo: Que toda a experiência
humana é por Cristo assumida, seja a nossa vida, seja a vida do mundo. Isto é,
nenhuma dimensão da história humana está fora da proposta de salvação que
Cristo nos faz através da sua encarnação;
o
Terceiro: A
natureza social do homem é transformada, muitas vezes, através do mergulhar nas
profundas águas da Palavra de Deus que é o tesouro da Revelação confiado por
Deus à Igreja. Neste aspecto, para que tal aconteça, são indispensáveis dois
itens: 1) Que a Palavra seja insistentemente proclamada em cada comunidade; 2)
Que cada comunidade se deixe constantemente converter por ela. Foi este o apelo
fundamental do Concílio na Constituição Dogmática Dei Verbum repetido mais proximamente pelo Sínodo dos Bispos
dedicado à palavra de Deus e por Bento XVI na Exortação Apostólica Verbum Dei.
A aplicação deste processo de
Conversão desejado pelo Concílio Vaticano II não tem sido linear e a sua concretização nem sempre tem
sido bem conseguida. Estamos ainda muito longe de realizar o sonho conciliar.
No Ano da Fé que está a decorrer, cada Comunidade através do seu Conselho
Pastoral, deverá interrogar-se sobre os caminhos que deverá percorrer para
responder às exigências de conversão do caminho da Fé. Os itens aqui
apresentados podem ser uma proposta de caminhada e de acção.
José Manuel Pasadas
Figueira Pimenta