quarta-feira, 18 de maio de 2011

Homem & Graça

SÓ O AMOR (A GRAÇA) É DIGNO(A) DE FÉHans Urs Von Balthasar

A nossa natureza humana é marcada pela nossa liberdade e pela nossa história. Mas pertence à capacidade do homem conhecer as normas e executá-las correctamente mesmo se, em qualquer caso, pareça ser dificultosa por causa dos inevitáveis condicionamentos pessoais e culturais que assinalam a história e vida de cada pessoa.

À luz do ensinamento de São Tomás, “a teologia afirma que, por mais limitada que seja, a linguagem religiosa é dotada de sentido como uma seta que se dirige rumo à realidade que ela significa”. Este acordo fundamental entre razão humana e fé cristã, afirma que a Graça divina não anula, antes, aperfeiçoa a natureza do homem, a nossa vida.

E, mesmo depois do nosso pecado, não é completamente destruída a nossa natureza, a nossa essência, mas fica ferida debilitada e às vezes até moribunda.

A Graça, concedida por Deus e comunicada através do Mistério do Verbo Incarnado, é uma dádiva absolutamente gratuita com que a natureza é curada, fortalecida e ajudada e assim possa perseguir o desejo inato ao coração de cada e todo o homem que é a felicidade.

Também de modo vivaz e sugestivo, São Gregório de Nissa (século IV), na quinta Homilia sobre o Cântico dos Cânticos, descreve a passagem da humanidade do "gelo da idolatria" à primavera da salvação. Com efeito, aqueles que dirigem o seu olhar para o verdadeiro Deus recebem em si as peculiaridades da natureza divina, mas o homem que se volta para a vaidade dos ídolos passa a ser como aquele que olhava, tornando-se pedra. Portanto, dado que a natureza humana, que se tornou pedra por causa da idolatria, permanece imóvel, encerrada no gelo do culto dos ídolos, por este motivo nasce neste Inverno tremendo o Sol da justiça e desponta a Primavera do sopro do meio-dia, que derrete este gelo e aquece, com o nascer dos raios daquele sol, tudo o que está por baixo; e assim o homem, que foi transformado em pedra por obra do gelo, aquecido pelo Espírito e pelos raios do Logos, voltou a ser a água que jorrava para a vida eterna.

Cristo assumiu todas as componentes da natureza humana porque, de outro modo, o homem não teria sido salvo. E já dizia São Gregório Nazianzo “O que não foi assumido, não foi redimido”.

É precisamente o nosso intelecto, a nossa razão e a nossa vontade que tem necessidade de relação, e de encontro com Deus em Cristo. Para se tornar no homem novo em Cristo e pela sua Incarnação deu-nos a possibilidade de nos tornarmos como Ele.

Maria, que deu a Cristo a natureza humana, que é verdadeira Mãe de Deus e nossa mãe, e em vista da sua altíssima missão foi é modelo para os cristãos, e socorro a ser invocada nas necessidades.

Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam
Pasadas Pimenta
Imagem: MINIATURIST, German - Hitda Codex (1020)

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