quarta-feira, 2 de março de 2011

Ratio & Fides

pensamento. Como se processa o pensamento? Que causa segue? Biologicamente falando, o pensamento é um processo mental, que constrói conhecimento e que volta a construir-se através dele.
O conhecimento, materializa-se em várias formas, seja ele no interior do nosso ser ou num livro. Contudo tal conhecimento não se expressa somente assim, mas também podem ser numa bela peça de música, pintura ou escultura e são todos frutos do Belo e do Bem.

Por isso este texto é uma exaltação ao pensamento ou razão. Que juntamente com a fé (ratio et fides) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da Verdade e assim possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.

Mas se irracionalmente quisermos separar este binómio razão e fé, chega-se facilmente e pratica-se a conhecida, crítica racionalista. que faz sentir toda a sua força contra a fé, “baseada em teses erradas mas muito difusas e insistia sobre a negação de qualquer conhecimento que não fosse fruto das capacidades naturais da razão” e que qualquer indício de fé é manifestação de um homem inferior e supersticioso (cf. Const. dogm. sobre a fé católica Dei Filius, III: DS 3008). Mas tenhamos isto em consideração, a fé não intervém para humilhar a autonomia da razão, nem para reduzir o seu espaço de acção, mas apenas para fazer compreender ao homem que, para compreender os acontecimentos que o envolvem e compreender-se, torna-se necessária esta dupla acção, porque assim não é possível conhecer profundamente o mundo e os factos da história. A fé aperfeiçoa o olhar interior, abrindo a mente para descobrir, no curso dos acontecimentos, realidades não captáveis por si só pela razão.

S. Pedro de Alcântara compôs o Tratado da oração e da meditação - convido a todos a ler esta maravilhosa obra - e conforme diz na dedicatória: “E, tendo lido muitos livros acerca desta matéria, deles extraí brevemente o que me pareceu melhor e de mais proveito”. Então para elaborar qualquer obra literária (fruto da razão) de carácter teológico ou que realizam uma análise racional e teológica da realidade, como é o caso dos textos deste blogue, seguem o método descrito anteriormente de S. Pedro de Alcântara (utilizados por mim: Sagrada Escritura, documentos da Igreja e muitos e excelentes livros escritos por autores santos, doutos e piedosos), ou seja, tudo o que pode ajudar a penetrar e a explicar mais e melhor o sentido e significado daquilo que segundo M. Grabmann deve ser o nosso objectivo: “procurar alcançar um mais profundo conhecimento do conteúdo da fé, para assim substancialmente aproximar a verdade sobrenatural e a razão humana pensante”.

Por fim uma última palavra acerca da insustentabilidade metafísica do ateísmo (somente razão), que segundo me parece é como uma violência sobre a dinâmica mais profunda e transcendental do Homem e do seu próprio conhecimento. Porque pelo ateísmo, o existencial transcendental (fé), que marca evidentemente toda a obra criada, não é considerada e assim não nos conseguimos colocar no caminho que nos levará ao encontro com Cristo, o Bem e o Belo, que esse sim nunca será anónimo ou inexistente – como muitas vezes é apresentado – mas sim pessoal e real, porque é a razão e a fonte da nossa fé.

Pasadas Pimenta
Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam

Imagem: ANGELICO, Fra - Missal 558, Folio 41v (1430)

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