quinta-feira, 17 de março de 2011

Oração & Acção

urante o passado fim-de-semana, decorreram um conjunto de manifestações um pouco por este país fora, mas a mais significativa foi a manifestação da “Geração à Rasca” na zona baixa da cidade de Lisboa, onde estiveram cerca de 200 mil manifestantes. E, ao mesmo tempo e não mais importante, acontecia uma outra manifestação, a dos Professores no Campo Pequeno. Algo está a acontecer, algo estará para mudar!

Dizia Jesus: “Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça” (Lc 21,28), porque algo novo estará para acontecer. Porque todas as mudanças serão boas se elas tiverem em conta o bem comum e eu acredito que quando se operam mudanças estas são para o bem e não para o mal.

Um amigo dizia-me, há alguns dias, que gostava deste tempo, que gostava do tempo que vive, porque é este o seu tempo. E continuava: “porque nunca ouve nenhum tempo na história perfeito e tudo pelo que passamos, são somente aspectos da vivência humana”.

E penso se este meu amigo não terá razão! Eu chego à conclusão que ele tem razão. E sabem porquê? Porque ele reza, poderá parecer paradoxal tal resposta, mas não é porque, pela oração, vê-se uma realidade nova e vive-se numa realidade nova, aquela que todos procuramos. Mas não pensem que isto é redutor! Poderá dizer-se: Rezo, logo, gosto do que está á minha volta! Mas não é isso que se pretende dizer e nada seria de mais errado, porque pela oração saberemos o que fazer de melhor na nossa sociedade uma vez que começamos por nós. Tanto mais que a oração é para nós o fundamento para edificar a esperança, o alicerce para consolidar a fé, o alimento para revigorar o coração, o leme para dirigir o caminho e o refúgio para garantir a salvação.

Se me perguntarem como e o que rezar, posso indicar-vos que começeis pela oração que o Senhor nos ensinou, o Pai nosso. Poderá parecer uma oração simples ou até infantil por estar associada à idade em que foi aprendida, mas outra coisa não é, que ensinamento divino, num diálogo intimo entre nós e Deus e, por ela, Ele mesmo nos irá instruir e aconselhar sobre o que havemos de pedir e fazer.

Do tratado de São Cipriano (séc. III), bispo e mártir, sobre a oração dominical, ou seja, o Pai Nosso, afirma: “A Palavra de Deus, que já estava presente nos Profetas e agora dá testemunho pela sua própria voz. Já não manda preparar o caminho para Aquele que há-de vir, mas vem Ele mesmo, abrindo e mostrando-nos o caminho, a fim de que nós, que andávamos errantes, improvidentes e cegos nas trevas da morte, iluminados agora pela luz da graça, sigamos o caminho da vida sob a protecção e guia do Senhor. (…) Rezemos, portanto, irmãos caríssimos, como Deus nosso mestre nos ensinou. A oração agradável e querida por Deus é a que rezamos com as suas próprias palavras, fazendo subir aos seus ouvidos a oração de Cristo”.

Por isso, antes de fazer seja o que for, Aquele que nos deu a vida, também nos ensinou a orar com a mesma bondade com que Se dignou conceder-nos tantos outros bens e graças. Por esta razão, dirigindo-nos ao Pai, pela oração que o Filho nos ensinou, mais facilmente seremos atendidos e, assim, a nossa vida será tão bela como aquela que o meu amigo vê e vive.

Pasadas Pimenta
Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam

Imagem: ANGELICO, Fra - King David (1445)

1 comentário:

  1. Olá, Zé
    Tenho lido alguns dos teus apontamentos de vida e tenho gostado.
    Sabes, não me parece paradoxal que o facto de se rezar se consiga olhar o mundo de uma maneira mais bonita. Mas, porém, acredito também que muitos daqueles que vêem a beleza do mundo, através da simplicidade que é a criação inversamente, e por isso rezem. Eu rezo. E, rezo muito. A um Deus, a Jesus, à poesia, à beleza do sol, da água e do céu... e espero que cada dia seja melhor que o outro. Tudo flui, e é como dizes, algo maior e melhor está para vir... é necessário continuar a acreditar.
    Nada é sempre mau e nada é sempre bom. Há que aceitar e ao mesmo tempo agir.
    Beijo com carinho
    Carmen Ezequiel

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