quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Vida & Resposta

É o futuro da nossa vida que nos ajuda a perceber o presente. Sim, é a expectativa do futuro em Deus (no plano religioso) que nos leva a agir no presente, cumprindo a sua vontade. E num plano afectivo e relacional o homem para ser estimado pelos seus semelhantes, age praticando a justiça e a paz. São Paulo sintetiza essa ideia de uma forma admirável: “É que o Reino de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. E quem deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e estimado pelos homens” (Rm 14,17-18).

Mas o nosso desejo é e será sempre insatisfeito, porque no dinamismo da nossa vida, nunca é alcançado na medida do nosso desejo. Só Deus completa, completa e ilumina tornando mais sublime a nossa vida, através do seu amor. Só por Deus é que o amor é amor e só em Deus é que posso amar verdadeiramente. Porque o amor é dom e é dom dado por Deus e Deus é amor. Logo, só sendo amado por Deus e amando-O com todo o meu coração é que com este mesmo coração posso amar. “Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito” (Jo 13,23), bela forma de mostrar o amor pelo Mestre. Mas o maior amor está da parte do Mestre, Ele que ama a todos e “que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo” (Jo 13,1), ou seja, morte de cruz. Mas o seu amor não se resume só no acontecimento da cruz, está presente em muitos outros momentos. Um da minha afeição, é o amar de Jesus através do seu olhar: “Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele”. (Mc 10, 21) O coração deste encontro muito especial, como de toda a experiência cristã é ser acolhido. Por isso, o que define o cristianismo não é, primariamente, uma moral, mas a experiência de Jesus Cristo que nos ama pessoalmente, jovens ou idosos, pobres ou ricos: ama-nos!

Mas toda esta relação acontece na liberdade, liberdade que se herda e que se realiza na escuta. Porque a existência é uma caminhada, que vai para além do conhecido e que só completa e se compreende escutando. E, assim, e segundo Jean-Louis Chrétien, a primeira vocação humana é ser e o seu primeiro agir deve ser, deixar-se ser como resposta, reposta ao sentido primeiro ou palavra primeira de Deus, palavra criadora e, num momento seguinte mas uno ao anterior, deve responder à palavra do seu semelhante porque é palavra sustentadora.

Esta resposta não é fechada, mas sim aberta ao futuro, porque acontece a cada dia e a cada momento. Porque é neste gesto que se encontra a fonte de toda a vida cristã e a sua razão fundamental. O exemplo mais belo é a participação em assembleia em que cada um responde a Deus que lhe fala através da sua Palavra e ao seu irmão na fé, no momento da paz. E concluiu São João: “Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser: «Eu amo a Deus», mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4,19-20).

Graças a Deus pelo dom da minha vida neste meu 25º aniversário.
Pasadas Pimenta

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