quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Caminho & Espaço

ocialmente, como evitar que desapareça a importância do outro e que o compromisso de todos não se esvazie ou que o seu objectivo se torne uma repetição que não incide mais na vida? “Como é que as Finanças podem leiloar um andar sem terem a certeza da situação e do estado da pessoa que foi penhorada e executada? Como é possível que haja quem autorize uma penhora a uma pessoa falecida? Que perversos mecanismos foram criados que levam a estas faltas de humanidade?” (Manuel Falcão in Jornal Metro, 15.02.11).

O lamentável caso conhecido na semana passada vem chamar a atenção sobre a forma de actuar de muitos organismos e pessoas em particular. Percebe-se que vigora a lei do menor esforço e, sempre, a presunção de que o outro é que devia fazer. O caso do leilão do andar penhorado com o cadáver da dona lá dentro, morta há oito anos, mostra uma única coisa: a irracionalidade e a desumanização no funcionamento dos mecanismos sociais e governamentais.

E perante o sentido de mal-estar geral e a impressão crescente de declínio político-social que nos envolve, cito as esclarecedoras palavras do Card. Tarcísio Bertone, na apresentação dum livro do senador Bobba. Ele transmite-nos que “é preciso não só um testemunho pessoal, mas uma acção colectiva mais ampla para a reconstrução de um costume de vida marcado pelo respeito das leis, destinada não só a reprimir os comportamentos desviantes, mas a promover a prática da honestidade; a encontrar e ditar as regras mais justas de convivência; a interiorizá-las na consciência como modelos partilhados e respeitados, não por receio do castigo, mas pelo seu valor intrínseco e positivo”.

E diz ainda: “refiro-me, por exemplo, à tutela da vida, desde o primeiro momento da concepção até à morte natural e à promoção da estrutura natural da família, como união entre um homem e uma mulher fundada no matrimónio, deve ser promovida e defendida prioritariamente, reconhecendo a sua peculiaridade e o papel social insubstituível, perante formas de uniões radicalmente diversas e desestabilizadoras. Mas recordo também a realização dos valores humanos e evangélicos da liberdade e da justiça, a promoção da paz social e a atenção aos mais necessitados”.

Por isso, compartilho um espaço (muito importante para mim) de leitura, para que por ele o nosso agir, como o de Maria Santíssima, seja mais humano e cuidado. Apresento a obra intitulada Caminho, de São Josemaría Escrivá. É uma proposta que estimula reflexões de grande actualidade sobre o agir concreto de cada um. É um livro para todos e que se devia ler e viver porque nele são definidos o que deve ser o compromisso na vida pública e no serviço do bem comum.

Caminho, tem um estilo directo, de diálogo sereno, em que o leitor se encontra frente às exigências divinas num ambiente de confiança e amizade. O autor aconselha: “Lê devagar estes conselhos. Medita pausadamente nestas considerações. São coisas que te digo ao ouvido, em confidência de amigo, de irmão, de pai. E estas confidências são ouvidas por Deus. Não te contarei nada de novo. Vou reavivar as tuas recordações, para que se eleve algum pensamento que te fira, e assim melhores a tua vida e entres por caminhos de oração e de Amor. E acabes por ser alma de critério” (Caminho, Prólogo do autor).

Pasadas Pimenta
Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam
Imagem: ANGELICO, Fra - Madonna of Mercy with Kneeling Friars (1424)

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