quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Bem & Mal

O teólogo francês Y. Calvez num artigo sobre Moral social e Moral sexual louva a situação actual da moral social católica e, sinal disso, são estas suas palavras: “A intenção é assinalar que a moral social católica é adaptável, que se há-de adaptar e que intervêm, a níveis distintos, uma pluralidade de elementos.”. Mas apresenta a moral sexual católica, num nível mais negativo encontrando-se num nível inferior em relação à social. Para fundamentar tal posição cita a Declaração Persona humana sobre ética sexual: «Na história da civilização muitas condições concretas e necessidades da vida humana mudaram e mudarão ainda, mas toda a evolução dos costumes e todo o género de vida se hão-de manter dentro dos limites que impõe os princípios imutáveis fundados sobre os elementos constitutivos e das relações essenciais de toda a pessoa humana, elementos e relações que transcendem as contingências históricas» e Y. Calvez comentado o documento afirma: “É erróneo, (…), tentar limitar, como tentam alguns, o campo dos princípios (…) e enumerar diferentes preceitos expressos numa linguagem quase jurídica”. Isto de nada ajudaria.

Mas há dúvidas que na história, mesmo com todas as mudanças, irão existir e sempre existirão “princípios imutáveis”? Eu não tenho e mal de nós se não existissem. Porque, o comportamento humano, nos seus efeitos, ou seja, criação, conservação, modificação ou extinção e mesmo no âmbito sexual, alguns, senão muitos serão sempre imutáveis. Porque pela sua consciência moral, o homem sabe “fazer o bem e a evitar o mal. E também julgar as opções concretas, aprovando as boas e denunciando as más” (CIC 1777).

Mas mais digo: a pessoa na sua vida moral aceita mais facilmente os princípios e critérios norteadores para corrigir a sua vida na sua dimensão social à luz da tradição cristã, do que na sua vida pessoal sexual. Exemplo disso é a actual crise económica e financeira, onde se tem falado dum regresso a uma ética de mercado mais justa e verdadeira, em conformidade com a ensinada pela Doutrina Social da Igreja. Mas recentemente, quando o Papa Bento XVI falou acerca do preservativo, no seu mais recente livro A luz do mundo, muitos se alegraram, mas ainda mais foram os que disseram: “Obrigado santo padre mas nós há muito que o usamos”. Mas tal comportamento já o próprio Y. Calvez o diz, por “mais decisivas que sejam para a pessoa, todas as questões de comportamento sexual” são menos importantes que as questões de âmbito social. Por isso, a tese que Calvez apresenta de que para serem aceites os princípios da moral sexual católica, devem ser formulados num estilo parecido aos da moral social, não faz qualquer sentido.

Por isso, descer a exigência ou reescrever os princípios da doutrina moral sexual, não acho que seja esse o caminho mais acertado, porque quanto maior for o abaixamento da regra ou norma, mais abaixo anda o agir do homem. E isso é nítido não só na dimensão sexual, mas em todas as dimensões da vida do homem e muitas são actuais e constantemente faladas, como a educação, o comportamento cívico e até o próprio empenho e sacrifício no agir de todos. O que deve acontecer é que cada um, e em conformidade com a sua consciência, pressuponha-se, bem formada, deve ser levado “fazer o bem e a evitar o mal” (CIC 1777).

Pasadas Pimenta
Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam

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