quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Crise & Santidade

No anterior texto, em resumo, Deus age tanto no mundo, quanto os homens e mulheres nele agem fazendo o bem, salvaguardando sempre a acção gratuita do Amor de Deus por nós. Por isso é que Deus quer precisar de nós na sua obra de salvação e nos deu uma “vocação universal à santidade, que é vocação e ao mesmo tempo missão: santidade, não apenas pessoal e particular, mas para irradiar e santificar os outros” dizia o Cardeal Saraiva Martins, na sua homilia aos peregrinos vindos para a Canonização de José Maria Escrivá, a 8 de Outubro de 2002.

E é este o ponto de partida para este novo texto, Crise & Santidade. O que mais posso dizer acerca desta crise, nada (a nível economico) e nem quero fazer nenhuma análise económica dela, porque já muitos a fizeram e muito melhor do que aquilo que eu sou capaz de fazer. Por isso mais que um comentário ou análise, quero apresentar um meio e um caminho um pouco diferentes, para lidar com esta crise actual.

Começando o pelo meio, proponho a todos, a cada segunda-feira de 11 de Outubro a 20 de Dezembro, vão decorrer uma série de Conferências na UCP, que têm como objectivo analisar esta Crise contemporânea, o nome das conferências é “Portugal 2011, Para além da Crise”. Espero que esta série de Conferências sirvam para irradiar e santificar todos aqueles que governam e gerem este nosso país, para que sejam luz no mundo (cf. Mt 5, 14-16) e façam o melhor em função do Bem comum, porque é o próprio Senhor nos diz «Amarás o teu próximo como a ti mesmo.» (Mc 12, 31). O possível caminho (de santidade) a percorrer (e peço que ninguém se coloque fora desta caminhada, porque todos somos um e neste momento é necessário um agir total de todos, seja qual seja a sua realidade social), é o apresentado por Schillebeeckx no ponto A dimensão teologal em forma política, presente na sua obra La politique n’est pas tout. Jésus dans la culture occidentale: mystique, éthique et politique (A política não é tudo, Jesus na cultura ocidental: mística, ética e política), o cristão pode ter e deve ter o seu lugar no empenhamento sociopolítico. Neste caso, para os cristãos, mística (uma forma intensiva da experiência de Deus, ou do amor de Deus) e política (uma forma intensa de empenhamento social, um empenhamento aberto a todos), devem ser duas dimensões da sua vida cristã (santidade), que devem encontrar-se na unidade que é o amor a Deus e ao próximo, uma dupla forma de uma só e mesma atitude.

Sem a mística (oração), a dimensão política da vida depressa se torna intratável e bárbara; sem amor político, a mística depressa se transformam em sentimentalismo ou interioridade não empenhada. É uma união que todos temos que fazer, senão os 84 milhões de pessoas dos países da União Europeia em risco de pobreza, sem as medidas concretas (mística e política), passarão do risco à pobreza. E é isso que queremos?

E termino com uma passagem da Primeira carta de S. João “Se alguém disser: «Eu amo a Deus», mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E nós recebemos dele este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão.” (1Jo 4, 20-21).

Pasadas Pimenta
Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam

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